O retorno ao Major e as expectativas
Franco "dgt" Garcia está de volta ao cenário principal do Counter-Strike após dois anos de ausência. O jogador uruguaio, que vestirá a camisa da paiN Gaming no BLAST.tv Austin Major, não esconde a empolgação, mas mantém os pés no chão.
"Estou um pouco ansioso e com muita vontade de jogar esse, que é o melhor campeonato para aproveitar. Todos os jogadores sonham em jogá-lo", confessou dgt em entrevista exclusiva à Dust2 Brasil.
O atleta, porém, faz questão de ressaltar que não pretende colocar pressão desnecessária sobre si mesmo: "É o Major, e todo mundo joga para ganhar. Você olha o campeonato de outra forma, mas não sinto que seja um nível acima - apenas mais acirrado".
O momento da paiN e os objetivos
A temporada da organização brasileira não tem sido das mais fáceis. Com mudanças na escalação, problemas de saúde e questões burocráticas com vistos, o time chega ao Major sem ser considerado favorito pela comunidade. Uma situação que, paradoxalmente, pode jogar a favor da equipe.
"Não ter muita expectativa das pessoas de fora sempre ajuda, faz com que eles se surpreendam", analisa dgt. "Estava falando com o nqz outro dia: nós não estamos vindo para o Major só para assistir."

O jogador estabelece um objetivo claro: "Sinto que temos capacidade de passar do Stage 3. No Stage 2 estão bons times, temos que ser realistas, mas ficaria muito feliz em chegar aos playoffs. Estou vindo não só para jogar, mas também para ganhar".
A adaptação ao cenário brasileiro
Depois de anos sendo cotado para times brasileiros, dgt finalmente concretizou o movimento. O uruguaio revela que a transição era algo quase inevitável no cenário atual do Counter-Strike sul-americano.
"Eu sabia que em algum momento ia acontecer. Hoje existem muitos times brasileiros bons e não há tantos jogadores de alto nível na Argentina, Chile e Uruguai", explica. "Era uma experiência que queria viver - diferentes nacionalidades e culturas. Estou muito feliz e sinto que é parecido com meu antigo time."
A escolha pela paiN, segundo o jogador, foi motivada por vários fatores: "Era um time que sempre gostei, difícil de jogar contra e que parecia ter boa química. As negociações foram longas, mas é o time que mais gostaria de jogar, especialmente por ter o dav1d e o nqz, com quem já joguei antes".
dgt finaliza com uma declaração que deve animar os fãs da organização: "Jogar por um time brasileiro foi algo que sempre quis e sinto que será muito bom para minha carreira e experiência pessoal".
Os desafios da comunicação e integração
Apesar do entusiasmo com a nova equipe, dgt não esconde que existem desafios significativos na adaptação - especialmente quando o assunto é comunicação. "O português é mais difícil do que eu imaginava", admite o jogador com bom humor. "Mas estou estudando todos os dias, principalmente os termos do jogo. O dav1d e o nqz me ajudam muito com isso."
O uruguaio revela que a dinâmica dentro do time vai além das partidas oficiais: "Temos um grupo muito unido, jogamos juntos até nos dias de folga. Isso ajuda na química dentro do servidor. Às vezes falamos em 'portunhol' e todo mundo se entende - o importante é que as calls estejam claras durante as partidas".
A preparação para o Major e a rotina intensa
Nos bastidores, a preparação para o Major tem sido exaustiva. dgt detalha a rotina do time: "Acordamos cedo para analisar demos dos nossos próximos adversários. Depois vem a sessão de treinos táticos, seguida de scrims contra outras equipes. À noite, revisamos tudo o que fizemos durante o dia".
O jogador destaca a importância do trabalho do técnico Apoka: "Ele tem uma visão diferente do jogo e nos ajuda a identificar padrões que poderíamos perder. Às vezes ele aponta coisas tão óbvias que a gente se pergunta como não vimos antes".
A rotina inclui até sessões de psicologia esportiva: "Muita gente subestima o lado mental, mas num torneio longo como o Major, isso faz toda a diferença. Aprendemos técnicas para manter o foco mesmo depois de derrotas difíceis".
As lições das competições anteriores
dgt reflete sobre suas experiências passadas em Majors e o que aprendeu: "Na primeira vez que joguei um Major, fiquei muito nervoso. Queria provar meu valor e acabei jogando de forma individualista. Agora entendo que o trabalho em equipe é o que realmente importa".
O jogador analisa a evolução do cenário competitivo: "Antes, times da América do Sul chegavam como zebras. Hoje temos mais respeito, mas também mais responsabilidade. As equipes europeias não nos subestimam mais - pelo contrário, estudam nossos jogos com a mesma atenção que dedicam a outros favoritos".
Quando questionado sobre quais times considera os mais perigosos no torneio, dgt é cauteloso: "Todos são fortes à sua maneira. Alguns têm mais experiência, outros têm jovens talentos famintos por vitórias. Nosso foco é no nosso jogo - se executarmos bem o que treinamos, podemos surpreender".
O apoio dos fãs e a responsabilidade
A paixão da torcida brasileira pelo Counter-Strike não passa despercebida pelo jogador uruguaio: "Os fãs da paiN são incríveis. Mesmo quando perdemos, recebemos mensagens de apoio. Isso dá uma energia extra - mas também aumenta a responsabilidade, porque queremos corresponder a essa confiança".
dgt revela que já sentiu o peso das expectativas: "Teve um jogo que perdemos depois de liderar por muito tempo. Fiquei mal por dias, pensando em como poderia ter feito diferente. Mas aprendi que o importante é focar no próximo jogo, não no que já passou".
O jogador finaliza com uma mensagem para os fãs: "Sei que muitos torcem para que a gente cause boas surpresas. Prometo que vamos dar tudo em cada round, em cada mapa. Essa é a mentalidade que temos dentro do time - não importa o placar, nunca vamos desistir".
Com informações do: Dust2