Organização brasileira suspende atividades no CS após desafios financeiros

A W7M, uma das organizações mais tradicionais do cenário brasileiro de Counter-Strike, anunciou nesta quinta-feira (29/05) que está suspendendo novamente suas operações no jogo. A decisão chega menos de dois anos após o retorno da organização ao FPS, em 2023.

Em comunicado oficial, a diretoria da W7M explicou que a medida foi tomada diante das dificuldades em tornar o projeto sustentável financeiramente. "Os riscos financeiros superam as possibilidades de retorno", afirmou a organização, destacando os desafios enfrentados por equipes que não estão no topo do cenário competitivo.

Histórico da W7M no Counter-Strike

A trajetória da W7M no CS soma oito anos, divididos em dois períodos distintos. O primeiro, entre 2017 e 2020, foi marcado por conquistas regionais:

  • Diversos títulos nacionais e sul-americanos

  • Domínio no cenário brasileiro

  • Falta de participações internacionais expressivas

Após o retorno em 2023, a organização optou por investir inicialmente em uma equipe academy que acabou se tornando o time principal. A W7M também manteve uma equipe feminina durante esse período e conquistou torneios como a segunda temporada da Liga GG.BET.

O futuro dos jogadores e próximos compromissos

Os atletas ainda vinculados à organização foram movidos para o banco de reservas e estão liberados para negociar com outros times. A formação mais recente incluía:

  • Bruno "shz" Martinelli

  • Guilherme "levi" Godoy

  • Henrique "t9rnay" Menacho

  • Jhonatan "JOTA" Wilian

  • Lucas "urban0" Urbano

  • João "horvy" Horvath (técnico)

Antes da pausa definitiva, a equipe ainda disputará a partida pelo terceiro lugar da Odyssey Cup contra o Flamengo. A W7M também havia garantido vaga no closed do Circuito FERJEE de Esports e na ECL S50 sul-americana.

O anúncio reacende o debate sobre a sustentabilidade financeira das organizações de esports no Brasil, especialmente para equipes que não conseguem competir regularmente em torneios internacionais de grande porte. Será que veremos a W7M retornar ao CS no futuro? A resposta pode depender de mudanças estruturais no cenário competitivo.

Impacto no cenário competitivo brasileiro

A saída da W7M do cenário de Counter-Strike representa mais um capítulo na instabilidade que muitas organizações brasileiras enfrentam. Nos últimos anos, times como INTZ, MIBR e FURIA também passaram por reestruturações significativas, mostrando como é difícil manter um projeto competitivo a longo prazo.

Especialistas apontam que o modelo atual de esports no Brasil cria uma divisão clara entre:

  • Equipes com patrocínios milionários e acesso a torneios internacionais

  • Organizações que dependem principalmente de resultados regionais

  • Projetos menores que lutam para se manterem relevantes

Um ex-jogador profissional, que preferiu não se identificar, comentou com nossa redação: "Quando times tradicionais como a W7M não conseguem se manter, isso envia um sinal preocupante para todo o ecossistema. Muitos jovens talentos podem perder oportunidades de desenvolvimento."

O papel das ligas regionais e o dilema financeiro

As competições nacionais, como a Liga Gamers Club, se tornaram vitais para a sobrevivência das equipes brasileiras. Porém, os prêmios oferecidos raramente cobrem os custos operacionais de um time profissional. A W7M, por exemplo, precisava de aproximadamente R$ 50 mil mensais apenas para manter sua estrutura básica.

Alguns dados comparativos mostram o abismo financeiro:

  • O primeiro lugar na Liga Gamers Club paga cerca de R$ 25 mil

  • Uma única participação em torneio internacional pode render US$ 10 mil

  • Salários de jogadores em equipes top variam entre R$ 5 mil e R$ 15 mil mensais

"O modelo atual exige que as organizações busquem múltiplas fontes de renda além dos resultados competitivos", explica Ricardo Sinigaglia, especialista em marketing esportivo. "Patrocínios, conteúdo digital e parcerias comerciais se tornaram tão importantes quanto vencer jogos."

O legado da W7M e suas contribuições

Mesmo com os desafios financeiros, a W7M deixa um legado importante para o CS brasileiro. A organização foi pioneira em vários aspectos:

  • Um dos primeiros times a investir seriamente em uma equipe feminina

  • Criação de um programa de desenvolvimento para jovens talentos

  • Parcerias inovadoras com marcas fora do ecossistema tradicional de esports

Seu CEO, Felipe Ribeiro, já havia alertado em entrevistas anteriores sobre a necessidade de um "novo modelo de negócios" para esports no Brasil. "Não adianta copiar o que funciona na Europa ou EUA. Precisamos de soluções adaptadas à nossa realidade", disse em 2022.

Enquanto isso, a comunidade de fãs se divide entre a compreensão das dificuldades financeiras e a frustração de ver mais uma organização tradicional deixando o cenário. Nas redes sociais, muitos torcedores questionam se haverá espaço no futuro para times que não pertencem ao "top 3" brasileiro.

Com informações do: Dust2