COB tem candidato preferencial para gerência de esports

O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) está determinado a fortalecer sua presença no ecossistema de esports, e os planos já estão em movimento. Há cerca de um mês, a entidade iniciou a busca por um gestor específico para a área, e parece ter encontrado seu candidato ideal.

Segundo apuração da Dust2 Brasil, Schubert de Abreu Argemiro Saff, conhecido no meio dos esports como Schubert Abreu, emergiu como o favorito para assumir a posição. O profissional já teria comunicado a decisão a colegas e parceiros de projetos, indicando que sua nomeação é praticamente certa.

Experiência e trajetória no esporte

Schubert não é nenhum desconhecido no mundo esportivo. Formado em Educação Física com especialização em gestão esportiva (incluindo certificação pelo próprio COB), ele acumula experiência em diversas confederações:

  • Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC)

  • Confederação Brasileira do Desporto Escolar (CBDE)

  • Confederação Brasileira de Triatlon (CBTRI)

Além disso, participou do comitê organizador dos Jogos Olímpicos Rio 2016, dando a ele um entendimento privilegiado do sistema olímpico.

Schubert Abreu (esq) durante o Comitê Olímpico Brasileiro 2022

Foco em esports de simulação

O que chama atenção no perfil de Schubert é seu entusiasmo por modalidades que simulam esportes tradicionais, como ciclismo e remo virtuais. Até recentemente, ele liderava a Competições Virtuais Brasileiras, cargo do qual se despediu há duas semanas - possivelmente em preparação para assumir o novo desafio no COB.

Embora menos populares que jogos como Counter-Strike (considerado o mais popular no Brasil segundo pesquisa do Governo Federal), essas modalidades têm ganhado espaço em eventos importantes. Em 2023, estiveram presentes no Olympic Esports Series e, em 2025, farão sua estreia nos Jogos da Juventude com o remo virtual.

Foi justamente com um projeto sobre ciclismo virtual que Schubert, junto com Daniel Pawel e Rodrigo Rosa, conquistou o terceiro lugar no Prêmio Esporte Inovação do COB em 2022 - um sinal claro de que sua visão para os esports já chamava a atenção da entidade há algum tempo.

Participação ativa no cenário

Recentemente, Schubert esteve presente em uma audiência pública na Comissão do Esporte da Câmara dos Deputados, onde o COB apresentou seus preparativos para os Jogos Olímpicos de Los Angeles 2028. Sua presença nesse tipo de evento sugere que já está sendo integrado às discussões estratégicas da entidade.

Mas será que essa escolha indica uma preferência do COB por esports que se assemelham a modalidades olímpicas tradicionais, em detrimento de jogos mais populares? Essa pode ser uma discussão interessante para o futuro dos esports no Brasil.

Desafios e oportunidades para os esports no COB

A nomeação de Schubert Abreu levanta questões importantes sobre como o COB pretende estruturar sua atuação no universo dos esports. A entidade tradicionalmente focada em esportes olímpicos agora se vê diante de um cenário completamente diferente, onde a dinâmica de competição, patrocínios e engajamento de público segue lógicas distintas.

Um dos primeiros desafios será estabelecer pontes entre o ecossistema tradicional dos esports - já consolidado em jogos como League of Legends e Valorant - e as modalidades de simulação esportiva que parecem ser o foco inicial. Como conciliar esses dois mundos? E mais importante: como criar sinergias que beneficiem ambos os lados?

Modelos internacionais como referência

O COB não será o primeiro comitê olímpico a se aventurar nos esports. Experiências internacionais oferecem lições valiosas:

  • O Comitê Olímpico Internacional (COI) criou em 2021 a Comissão de Esports, sinalizando o reconhecimento oficial da categoria

  • Na Ásia, os Jogos Asiáticos já incluíram esports como modalidade de medalha em 2022

  • Países como França e Dinamarca têm políticas públicas específicas para o desenvolvimento competitivo de esports

No entanto, o modelo brasileiro precisará considerar particularidades locais. Enquanto na Europa e Ásia há forte investimento estatal, no Brasil o cenário é majoritariamente impulsionado pela iniciativa privada. Como Schubert e o COB pretendem navegar por essa realidade?

Integração com o sistema esportivo brasileiro

Outro ponto crucial será a relação com as confederações esportivas tradicionais. Algumas, como a de vela e ciclismo, já desenvolvem projetos paralelos de esports. Haverá espaço para colaboração ou risco de competição por recursos e atenção?

Fontes próximas ao COB sugerem que a estratégia inicial pode focar em três eixos:

  • Desenvolvimento de competições oficiais de esports sob chancela olímpica

  • Formação de atletas digitais através de centros de excelência

  • Criação de um calendário integrado entre eventos presenciais e virtuais

Mas como isso se traduzirá na prática? E qual será o papel exato de Schubert nessa estrutura? Essas perguntas ainda aguardam respostas concretas, que devem surgir nos próximos meses conforme o novo gestor assuma oficialmente suas funções.

Reações do mercado de esports

O anúncio da possível contratação tem gerado reações mistas no cenário profissional de esports. Alguns veem com bons olhos a entrada do COB como forma de trazer maior organização e recursos ao setor. Outros temem que a entidade tente impor modelos tradicionais a um ecossistema que sempre funcionou com regras próprias.

"É uma faca de dois gumes", comentou um organizador de eventos que preferiu não se identificar. "Por um lado, a chancela do COB pode abrir portas para patrocínios e visibilidade. Por outro, existe o risco de burocratização excessiva e perda da agilidade que sempre caracterizou nossos torneios."

Enquanto isso, desenvolvedoras de jogos monitoram a situação com interesse. A aproximação com o COB pode representar novas oportunidades para títulos menos conhecidos no mercado brasileiro, especialmente aqueles com temática esportiva. Será que veremos um movimento de publishers buscando adaptar seus produtos para se encaixar nos critérios olímpicos?

Com informações do: Dust2