O cenário competitivo de Counter-Strike está aquecido com o FISSURE Playground 2, e as equipes brasileiras estão no centro das atenções. A paiN Gaming, após um início irregular, busca sua classificação para os playoffs em um embate direto contra a FURIA, em um clássico que promete movimentar a comunidade brasileira de esports.
Recuperação estratégica da paiN
Lucas "nqz" Soares, em entrevista exclusiva, revelou que a equipe precisou de ajustes mentais mais do que técnicos após a derrota inicial para a FaZe. "Estávamos muito afobados para fechar as partidas", confessou o jogador. Essa ansiedade inicial fez com que a equipe cometesse erros básicos de posicionamento e timing.
O que mudou? Basicamente, conversa. Muita conversa. A equipe percebeu que estava jogando rápido demais, aparecendo em momentos inadequados e fechando rondas prematuramente. Mas nqz garante que a evolução foi perceptível de jogo para jogo - uma melhoria gradual que restabeleceu o ritmo competitivo da formação.
O clássico brasileiro contra a FURIA
O confronto contra a FURIA não é apenas mais uma partida para nqz e companhia. Há um histórico recente - lembra-se do Major onde já se enfrentaram? - e uma relação que vai além dos servidores. "Estamos sempre encontrando os moleques no hotel, conversa para caramba", revela nqz sobre a convivência com os adversários.
Para ele, enfrentar a FURIA representa medir forças contra o que considera "o melhor time brasileiro no momento". Mas longe de ser uma rivalidade tóxica, nqz descreve a atmosfera como divertida, justamente porque todos se conhecem e se gostam fora do jogo.
A importância estratégica do torneio
Por trás da busca pela classificação nos playoffs, há um objetivo maior: garantir pontos no Valve Regional Standings (VRS) para acesso direto ao Stage 3 do próximo Major. nqz é claro sobre isso: "Antes desse campeonato mesmo, tivemos uma conversa e falamos que ele era muito importante justamente para isso".
O acesso direto ao Stage 3 não é apenas uma conveniência - é uma vantagem estratégica significativa. Significa mais tempo de treino, oportunidade de estudar os times que avançarem do Stage 2, e chegar mais preparado para a fase decisiva. Como nqz mesmo lembra, a experiência no Major de Austin mostrou como passar pelo Stage 2 pode ser desgastante.
Mesmo que a paiN perca para a FURIA, ainda há chances de classificação. O importante, segundo nqz, é manter a mentalidade correta: estudar o adversário, se preparar adequadamente e entrar em cada jogo com a intenção de vencer, independente do contexto.
O crescimento individual dentro do coletivo
Questionado sobre seu ano excepcional, nqz demonstra humildade característica. "Acho que é muito cedo para dizer ainda", responde quando perguntado se este pode ser seu melhor ano como profissional. Mas reconhece: "Estou me sentindo confiante".
Sua evolução, no entanto, não atribui apenas ao mérito individual. É um trabalho coletivo - da forma como se comunica com os companheiros, do entendimento tático do técnico "biguzera", do apoio da equipe como um todo. "O jogo não gira ao redor de mim", afirma, destacando como seus momentos de brilho são facilitados pelo posicionamento estratégico e pela escuta atenta dos colegas.
A dinâmica interna e a voz de biguzera
Falando em biguzera, nqz não economiza elogios ao trabalho do técnico. "Ele tem uma visão de jogo incrível, mas o mais importante é como ele nos conduz", reflete o jogador. "Não é sobre impor, é sobre construir junto." Essa abordagem colaborativa parece ser a chave para a evolução recente da equipe.
E como funciona na prática? Imagine a cena: durante os timeouts, enquanto alguns técnicos gritam instruções específicas, biguzera frequentemente pergunta "O que vocês estão sentindo?" ou "Onde estamos errando?". Essa abertura para o diálogo permite ajustes em tempo real que vão muito além de simples posicionamentos.
Nqz revela que essa comunicação horizontal fez toda a diferença nos mapas mais recentes. "Antes a gente às vezes travava quando as coisas não saíam como planejado. Agora a gente respira, conversa por 15 segundos e já entra com mentalidade diferente."
O peso da torcida brasileira
É impossível falar de clássicos brasileiros sem mencionar a torcida. E nqz sabe bem disso. "A galera cobra, mas também apoia demais", comenta sobre a relação com os fãs. "Quando a gente perde, vem aquela enxurrada de mensagens... algumas duras, outras incentivando."
Mas como lidar com essa pressão? Para ele, o segredo está em filtrar o que vem de fora sem ignorar completamente. "Às vezes a torcida aponta algo que a gente não tinha percebido", admite. "Outras vezes é só emocional mesmo. A gente aprendeu a separar as coisas."
O que mais surpreende? A quantidade de mensagens positivas após derrotas. "Teve jogo que a gente perdeu feio e veio carinho de todo lado. Isso mostra que o brasileiro entende de CS e valoriza o esforço."
Preparação específica para a FURIA
Quando questionado sobre como se preparar para um time como a FURIA, nqz dá uma pista interessante: "Cada player deles tem uma característica muito forte. O arT é agressivo de um jeito, o KSCERATO de outro, o yuurih é... bem, é o yuurih".
A equipe da paiN tem estudado não apenas as estratégias coletivas, mas os hábitos individuais de cada adversário. "A gente sabe em que rounds eles costumam fazer eco, quando preferem save, como se posicionam em situações de clutch", explica. "São detalhes que fazem diferença."
Mas ele faz questão de destacar: não se trata apenas de anular o adversário. "Temos que jogar nosso jogo. Se ficarmos só reagindo ao que eles fazem, já perdemos metade da batalha."
O caminho além do FISSURE
O olhar da paiN, no entanto, vai além deste torneio específico. nqz menciona que a equipe já está pensando nos próximos desafios do calendário competitivo. "Cada evento é um degrau", reflete. "O que aprendemos aqui vamos levar para os próximos."
Há uma consciência clara de que o cenário competitivo está mais acirrado do que nunca. "Todo mundo treina pesado, todo mundo estuda. A diferença está nos detalhes e na mentalidade."
E quais são os planos para manter a evolução? "Melhorar a comunicação ainda mais, trabalhar a consistência e... dormir direito", diz com uma risada. "Não adianta treinar 12 horas por dia se não descansar."
Quando perguntado sobre expectativas específicas para os próximos meses, nqz prefere manter os pés no chão. "Vamos jogo a jogo. Primeiro focar na FURIA, depois no que vier. Mas sim, temos objetivos ambiciosos."
A sensação que fica é de uma equipe que encontrou seu ritmo após um período de ajustes. E como nqz mesmo diz, "quando todo mundo está na mesma página, o jogo flui de um jeito diferente". Resta agora aguardar o clássico contra a FURIA para ver se essa sintonia se traduz em resultados dentro do servidor.
Com informações do: Dust2