Falta de competição no cenário norte-americano preocupa jogador
Nicholas "nitr0" Cannella, que retornou ao Counter-Strike no ano passado, expressou sua frustração com o nível de preparação das equipes norte-americanas para o BLAST.tv Austin Major. O jogador da NRG destacou a dificuldade em encontrar treinos desafiadores na região.
"Todos os times europeus estão na Europa, vários times brasileiros estão no Brasil por conta de seletivas e nós estamos presos praticando com os mesmos times no NA e nós não somos muito testados aqui", afirmou nitr0 em entrevista à BLAST.
Desafios enfrentados pela NRG
A falta de competição de alto nível ficou evidente durante a IEM Dallas, último torneio disputado pela NRG antes do Major. "Em Dallas, isso tornou tudo muito difícil para a gente. Enfrentamos duas equipes do top 10, com a Falcons provavelmente sendo o segundo melhor time do mundo agora", explicou o jogador.
nitr0, no entanto, vê um lado positivo nessa experiência: "O lado positivo é que isso mostrou o que precisamos trabalhar para o Major. Foi bom termos perdido porque isso não acontece muito no NA, principalmente em treinos."

Preparação dos times brasileiros
Enquanto isso, equipes brasileiras como Imperial e FURIA estão se preparando nos Estados Unidos para o Major. A Imperial viajou para Orlando, enquanto a FURIA permaneceu no país após participar da IEM Dallas.
nitr0 também comentou sobre o momento atual da NRG e suas expectativas para o Major: "Precisamos achar um equilíbrio pro nosso jogar continuar atualizado, garantindo que somos bons independente das circunstâncias e também bom o suficiente para chegar ao segundo Stage do Major, que vai ter times melhores."
A NRG estreará no Stage 1 do BLAST.tv Austin Major contra a TYLOO no dia 3 de junho, precisando vencer três partidas para avançar à próxima fase.
Impacto no desenvolvimento do cenário norte-americano
A crítica de nitr0 levanta uma questão importante sobre o desenvolvimento do Counter-Strike na América do Norte. Sem uma competição regular contra times de elite, como os jogadores locais podem evoluir? "Quando você joga sempre contra os mesmos oponentes, acaba desenvolvendo um estilo muito específico que pode não funcionar contra times internacionais", observou o jogador.
Esta não é a primeira vez que o problema é mencionado. Outros profissionais como Jonathan "EliGE" Jablonowski já haviam alertado sobre a estagnação do cenário. A solução, porém, parece distante, já que a migração de talentos para a Europa continua sendo a opção mais atraente para muitos jogadores.
Logística complicada para treinos internacionais
Organizar treinos contra equipes europeias não é tão simples quanto parece. "Mesmo quando conseguimos marcar scrims com times de lá, o ping é um problema sério", explicou nitr0. "Jogar com 100+ de ping contra times que estão com 5-10 não te dá uma experiência real do que é enfrentá-los em LAN."
A diferença de fuso horário também complica. Enquanto os times norte-americanos preferem treinar no final da tarde, as equipes europeias geralmente começam seus treinos quando já é noite na costa leste dos EUA. "Muitas vezes acabamos tendo que acordar muito cedo ou dormir muito tarde para conseguir bons treinos", revelou o jogador da NRG.
Estratégias alternativas de preparação
Diante desses desafios, a NRG tem buscado soluções criativas. "Estamos analisando muito mais demos do que normalmente faríamos", contou nitr0. "Tentamos identificar padrões nos times que vamos enfrentar e simulamos situações específicas nos nossos treinos internos."
O time também tem investido em sessões de análise pós-treino mais detalhadas. "Cada erro que cometemos contra os times daqui, tentamos imaginar como teria sido contra um time europeu. É claro que não é o ideal, mas é o que temos no momento", admitiu o jogador.
Uma possibilidade que vem sendo discutida é a criação de uma "bolha" de treinos antes de grandes eventos, reunindo times das Américas que se classificaram para o Major. "Seria ótimo se pudéssemos todos nos encontrar em um local central uma ou duas semanas antes", sugeriu nitr0. "Mas a logística e os custos tornam isso complicado."
Comparação com outros esportes eletrônicos
Curiosamente, o problema parece ser específico do Counter-Strike. Em jogos como Valorant, que tem uma liga norte-americana forte, os times locais conseguem manter um alto nível de competição. "O sistema de franchising ajuda muito", analisou nitr0. "Mas no CS, sem esse tipo de estrutura, fica difícil manter a competitividade quando os melhores times estão todos em outra região."
Com informações do: Dust2