Da Europa para o Brasil: uma mudança repentina
José "shr" Gil, jogador português de CS, surpreendeu a muitos ao aceitar rapidamente o convite para integrar a equipe brasileira Imperial. Em entrevista após sua primeira partida em LAN pelo time, o atleta revelou que a decisão foi tomada quase que de um dia para o outro.
"Não estava contando com isso", admitiu shr. "Acho que ter sido de um dia para o outro dificultou que minha adaptação fosse mais rápida. Estava na Europa, só streamava, tinha ofertas de outras equipes, e o VINI entrou em contato e disse 'Brasil domingo'. Nem tive tempo de pensar, só arrumei minhas coisas e fui para o avião."
Por que escolher a Imperial?
Com várias propostas na mesa, o que levou shr a optar pela equipe brasileira? O jogador explica que buscou conselhos com pessoas experientes no cenário competitivo.
"Tenho um manager e pessoas para me ajudar na minha carreira. Uma das coisas foi falar com o fox, que já esteve no cenário brasileiro e ele disse que, entre todas minhas propostas, para eu aceitar essa porque eu iria gostar. Até agora está sendo incrível", contou.
Desafios da adaptação
Apesar de já ter experiência em competições presenciais, shr enfrenta novos desafios ao jogar no Brasil. A comunicação, embora em português, apresenta suas particularidades.
"Mesmo que a comunicação da Imperial seja em uma língua já conhecida de shr, o jogador conta que os nomes das posições nos mapas é o que ele sentiu mais de diferente vindo para o Brasil", revelou.
Mas a adaptação parece estar progredindo bem: "Estamos evoluindo a cada semana, corrigindo bem nossos erros e cada vez me sinto melhor e mais confortável a jogar, que é o mais importante."
Primeira experiência em LAN pela Imperial
Nesta quarta-feira, shr disputou sua primeira partida presencial com a Imperial. A vitória por 2-1 contra a RED Canids garantiu vaga na partida que definirá o primeiro finalista do Circuito FERJEE, mas o português não escondeu que o triunfo veio com dificuldades.
"O jogo mudava muito na Nuke. Nós perdemos o pistol e não conseguíamos entrar na partida, estávamos perdendo por 7 ou 8-0, porém demos o comeback de CT. Acho que teria sido muito diferente se tivéssemos ganhado o pistol", analisou.
Apesar dos desafios, shr mantém a confiança no time: "O que espero é manter o que viemos fazer aqui, que é ganhar todos os jogos. Já jogamos duas ou três vezes contra eles desde que entrei no time, e o que espero é mais uma vitória."
O impacto da torcida brasileira
Um dos aspectos que mais impressionou shr desde sua chegada ao Brasil foi o apoio incondicional da torcida. "A energia da torcida brasileira é algo completamente diferente do que eu estava acostumado na Europa", confessou o jogador. "Mesmo em jogos online, você sente a paixão dos fãs. E agora, jogando em LAN, é ainda mais intenso."
Essa relação com os fãs parece ser recíproca. Nas redes sociais, muitos torcedores brasileiros têm adotado shr como um dos seus, criando até memes sobre o sotaque português do jogador durante as comunicações no jogo. "É engraçado, às vezes falo algo e o time ri porque soa diferente no meu sotaque. Mas isso só mostra como estamos nos divertindo juntos", comentou.
Diferenças no estilo de jogo
Além da adaptação cultural, shr também precisa se ajustar ao estilo de jogo característico das equipes brasileiras. "O CS brasileiro tem uma identidade muito própria", explicou. "São mais agressivos, mais imprevisíveis em certos momentos. Na Europa, o jogo tende a ser mais metódico, mais calculado."
Essa diferença de abordagem trouxe desafios interessantes para o português: "Estou aprendendo a equilibrar meu estilo natural com o que o time precisa. Às vezes, o FalleN me pede para ser mais explosivo em certas situações, o que não era tão comum nas equipes onde joguei antes."
O processo de adaptação tática parece estar rendendo frutos. Nas últimas partidas, shr vem mostrando uma evolução clara em sua integração com o estilo da Imperial, especialmente em mapas como Inferno e Mirage, onde sua experiência internacional se soma à criatividade brasileira.
Rotina de treinos e vida no Brasil
Fora dos servidores, shr está se adaptando à nova rotina no Rio de Janeiro. "Treinamos muito, mas também temos momentos para relaxar e conhecer a cidade", contou. "Os caras me levaram para comer um bom churrasco e estou tentando aprender a gostar de açaí, mas confesso que ainda estou me acostumando."
A dinâmica de treinos na Imperial também difere do que shr vivenciou na Europa. "Aqui temos sessões mais longas, mas com intervalos diferentes. E a energia no gaming house é contagiante - sempre tem alguém fazendo piada ou contando histórias."
Quando questionado sobre o que mais o surpreendeu no Brasil, shr foi rápido em responder: "A paixão pelo jogo. Na Europa, CS é grande, mas aqui parece que está no sangue das pessoas. Até os jogadores mais novos que enfrentamos em treinos jogam com uma intensidade impressionante."
Olhando para o futuro
Com os primeiros torneios já disputados, shr começa a vislumbrar objetivos mais ambiciosos com a Imperial. "Quero ajudar o time a voltar ao topo", afirmou. "Temos tudo para ser competitivos internacionalmente - a experiência do FalleN, a agressividade do VINI, a consistência do boltz... é um mix interessante."
O próximo grande teste será o IEM Rio, onde a Imperial tentará repetir ou superar o desempenho da última edição. "Jogar um Major no Brasil, com essa torcida, deve ser uma experiência única. Mal posso esperar", disse shr, visivelmente animado com a perspectiva.
Enquanto isso, o português continua seu processo de adaptação, tanto dentro quanto fora do jogo. "A cada dia descubro algo novo - seja uma gíria, uma comida ou uma estratégia diferente que o time usa. É desafiador, mas extremamente gratificante."
Com informações do: Dust2