O mundo dos esports está entrando em território inédito com a adoção de inteligência artificial para decisões estratégicas. Love "phzy" Smidebrant, jogador da equipe norte-americana Wildcard, revelou em entrevista que o ChatGPT foi utilizado para sugerir possíveis reforços ao time - uma abordagem que mistura tecnologia moderna com o tradicional mercado de transferências.

O papel do ChatGPT nas decisões da Wildcard

Durante entrevista ao site Dust2.us, phzy compartilhou detalhes surpreendentes sobre como a organização estava operando. "Ouvi que o ChatGPT estava um pouco envolvido, dando sugestão de jogadores", afirmou o atleta. Quando questionado se falava sério sobre o uso da inteligência artificial, sua resposta foi direta: "Pelo que ouvi, sim".

O contexto dessa revelação veio durante explicações sobre mudanças no elenco. phzy havia sido chamado para assumir a posição de in-game leader (IGL) enquanto preferia focar no papel de awper. Essa divergência de expectativas parece ter acelerado a saída de Peter "stanislaw" Jarguz do time.

O cenário conturbado da Wildcard

A equipe vive momentos de instabilidade desde julho de 2023, quando phzy foi inicialmente movido para o banco e emprestado para a 9INE, organização europeia. Após apenas dois meses fora, ele retornou à Wildcard e foi reconduzido ao time titular poucas horas antes do início da Fragville - timing que certamente adicionou pressão extra à preparação.

O que me surpreende é como organizações estão dispostas a experimentar abordagens não convencionais em um cenário competitivo tão acirrado. Usar IA para sugestões de jogadores parece saído de um romance de ficção científica, mas aqui estamos.

Performance atual e contexto competitivo

Apesar das turbulências internas, a Wildcard mantém campanha sólida na Fragville. A equipe é uma das quatro finalistas do torneio e enfrenta a Ninjas in Pyjamas na semifinal. Do outro lado da chave, a brasileira ODDIK disputa vaga contra a NRG.

É curioso pensar que por trás das decisões de draft e estratégia pode haver um algoritmo analisando estatísticas e perfis de jogadores. Será que outras organizações seguirão esse caminho? A prática levanta questões interessantes sobre até que ponto a intuição humana será complementada - ou talvez substituída - por inteligência artificial nos esports.

O momento decisivo acontece neste domingo, com a semifinal programada para as 13h45 e a final marcada para as 19h15. Tudo isso enquanto a Wildcard carrega não apenas a expectativa de vitória, mas também o peso de estar testando fronteiras nunca antes exploradas no recrutamento de esports.

Como exatamente a IA analisa jogadores?

Embora phzy não tenha detalhado os critérios específicos que o ChatGPT utilizou, podemos especular sobre como um modelo de linguagem poderia ser aplicado nesse contexto. Provavelmente, a IA analisou estatísticas públicas de jogadores, performances em torneios anteriores, compatibilidade de estilos de jogo e até mesmo aspectos como experiência internacional ou fluência em inglês - fatores cruciais para equipes multiculturais.

O que me intriga é se o modelo considerou também elementos menos quantificáveis, como química entre jogadores ou capacidade de liderança. Afinal, estatísticas nem sempre capturam o que realmente faz um time funcionar harmoniosamente. Será que a IA consegue medir intangíveis como resiliência mental ou adaptabilidade sob pressão?

Reações da comunidade de esports

Desde a revelação de phzy, o cen competitivo não parou de debater o assunto. Nas redes sociais e fóruns especializados, opiniões se dividem entre entusiastas da tecnologia e tradicionalistas que defendem que decisões humanas são insubstituíveis.

Alguns argumentam que usar IA para scouting é natural evolução num ambiente cada vez mais data-driven. Outros temem que isso possa desumanizar o processo e negligenciar aspectos importantes que apenas olhos humanos conseguem perceber. Um usuário no Reddit comentou: "Se a IA pode identificar talentos subvalorizados que scouts humanos deixaram passar, por que não usar?"

Já um coach anônimo de outra equipe expressou ceticismo: "Estatísticas mostram o que aconteceu, não o que vai acontecer. A magia do scouting está em projetar potencial futuro, não apenas analisar desempenho passado".

O precedente perigoso (ou visionário?)

Se a Wildcard conseguir sucesso significativo usando essa abordagem, outras organizações certamente sentirão pressão para seguir o mesmo caminho. Imagine um futuro onde departamentos de scouting sejam reduzidos ou reformulados em torno de especialistas em IA rather than olheiros tradicionais.

Mas e os aspectos éticos? Deveria haver transparência sobre o uso de IA nessas decisões? E se um jogador for preterido porque um algoritmo não "gostou" do seu perfil? São questões que a indústria precisará enfrentar mais cedo ou mais tarde.

Curiosamente, não é a primeira vez que inteligência artificial aparece no cenário de CS:GO. Em 2020, a MIBR já havia experimentado com análise de dados através de IA para melhorar performances individuais e táticas coletivas. A diferença é que agora a tecnologia está sendo usada diretamente no recrutamento.

O fator humano na equação

O que talvez seja mais revelador na declaração de phzy é que a Wildcard usou o ChatGPT como ferramenta de sugestão, não como decisor final. Isso me faz pensar que, pelo menos por enquanto, o elemento humano ainda mantém o controle sobre as contratações.

Afinal, por mais sofisticada que seja a IA, ela não sente a pressão de um major, não entende as dinâmicas de um vestiário e não consegue medir a paixão de um jogador pelo game. Essas nuances humanas continuam sendo território exclusivo de managers e coaches experientes.

E você, leitor? Acredita que inteligência artificial pode realmente melhorar o processo de scouting ou isso é apenas modismo tecnológico? O que seria mais valioso: a intuição de um olheiro com anos de experiência ou a análise imparcial de um algoritmo?

Com informações do: Dust2