Nicolai "device" Reedtz não escondeu sua frustração após a eliminação precoce da Astralis no Esports World Cup. Em entrevista exclusiva à HLTV, o astro dinamarquês assumiu a responsabilidade pela derrota para a TYLOO e detalhou os pontos que precisam ser melhorados na equipe.
A derrota difícil e a autocrítica do astro
"Sinto muito tristeza e frustração," confessou device logo após a partida. "Acho que poderia ter feito a diferença em muitas rounds e, individualmente, me senti muito mal - isso é o que está bem na minha frente agora."
O jogador, conhecido por sua precisão com a AWP, teve um desempenho abaixo do esperado, registrando rating de 0.93 na série. Ele foi sincero ao admitir que suas falhas com o rifle de precisão pesaram no resultado final. "Penso em todas aquelas oportunidades perdidas com a AWP, e isso me deixa frustrado," acrescentou.
O que falhou na estratégia da Astralis
Device explicou que os problemas variaram de mapa para mapa. No Overpass, especificamente no lado CT, a equipe precisava ser mais dinâmica no mid-round. "Estávamos apenas jogando três A e dois B, ou três B e dois A, e perdendo. Não tivemos esses problemas durante os treinos," revelou.
Já no Train, a equipe tinha uma vantagem inicial significativa mas não soube mantê-la. "Estávamos liderando e acho que simplesmente os deixamos entrar no jogo. Poderíamos ter jogado melhor a partir do 7-0."
O dinamarquês destacou uma round crucial perdida após vencer uma force-buy no lado T: "Perdemos a round seguinte porque não fomos rápidos o suficiente na comunicação e na reação ao que eles estavam fazendo. Muitos desses detalhes importam."
O fenômeno TYLOO: por que a equipe chinesa é tão complicada?
Esta não foi a primeira vez que a TYLOO superou a Astralis - foi na verdade a terceira vitória consecutiva da formação chinesa contra os dinamarqueses em eventos recentes. Device analisou o que torna a TYLOO tão complicada como adversária.
"Eles não desistem," observou. "Se você lhes dá uma brecha no jogo, eles encontram uma maneira de vencer com isso, mesmo que sejam jogadores diferentes se destacando."
Ele destacou que mesmo sem JamYoung no terceiro mapa, a TYLOO conseguiu dominar a partida. "Eles têm uma mentalidade boa de não desistir e tentam descobrir como entrar no jogo contra nós. De alguma forma, eles nos forçam a não jogar no nosso melhor nível."
Device reconheceu que o mérito não é apenas dos erros da Astralis, mas também das qualidades da TYLOO: "Obviamente há algo vindo deles também."
Os desafios da comunicação e da tomada de decisão
Device foi mais fundo na análise dos problemas de comunicação que perseguem a equipe. "Às vezes, nossa comunicação parece descoordenada - todos falam ao mesmo tempo ou, pior, ninguém fala quando deveria," explicou com um tom de frustração na voz. "São nessas horas que perdemos rounds que pareciam ganhos."
Ele deu um exemplo específico: "Lembro de uma round no Train onde tínhamos vantagem numérica de 4 contra 2, mas demoramos tanto para decidir o próximo movimento que eles conseguiram se reposicionar e virar a situação. Isso não deveria acontecer no nosso nível."
O que mais preocupa device é a inconsistência. "Nos treinos, nossa comunicação flui perfeitamente. Mas em situações de pressão durante as partidas, parece que esquecemos tudo o que praticamos. É como se houvesse uma desconexão entre o que sabemos fazer e o que realmente executamos."
A pressão das expectativas e o peso da história
Não é fácil carregar o legado da Astralis nas costas. Device admitiu que a sombra das conquistas passadas às vezes pesa mais do que deveria. "Todo mundo espera que sejamos a equipe dominante de sempre, mas as coisas mudaram, o cenário evoluiu," refletiu.
Ele fez uma analogia interessante: "É como tentar encaixar peças de um quebra-cabeça antigo em um tabuleiro novo. Algumas peças ainda se encaixam perfeitamente, mas outras precisam ser adaptadas ou substituídas."
O dinamarquês reconheceu que talvez a equipe esteja tentando replicar estratégias do passado sem adaptá-las adequadamente ao meta atual. "As equipes estudaram nosso jogo por anos. Elas sabem como nós pensávamos, como jogávamos. Precisamos surpreender novamente, criar algo novo."
O caminho à frente: ajustes necessários
Quando questionado sobre o que precisa mudar, device foi direto: "Precisamos voltar ao básico, mas com uma mentalidade renovada. Não adianta treinar horas e horas se não conseguimos traduzir isso para as partidas oficiais."
Ele mencionou a necessidade de trabalhar a resiliência mental da equipe. "Partidas como essa contra a TYLOO mostram que ainda nos abalamos facilmente quando as coisas não saem como planejado. Precisamos aprender a resetar mentalmente após rounds ruins."
Device também falou sobre a importância de adaptar o estilo de jogo individual ao coletivo. "Às vezes, sinto que estou tentando fazer muito sozinho, talvez por frustração com meu próprio desempenho. Preciso confiar mais nos meus companheiros e na estrutura que montamos."
Uma coisa é certa: o dinamarquês não está buscando desculpas. "Não importa o quão complicado seja o estilo da TYLOO ou quantas surpresas eles tragam - nós deveríamos ter conseguido vencer. A responsabilidade é nossa, ponto final."
Ele finalizou esta parte da análise com um insight revelador: "O pior não é perder; é saber que tínhamos todas as ferramentas para vencer e não conseguimos utilizá-las adequadamente. Essa sensação é que dói mais."
Com informações do: HLTV