De ciúme do jogo a referência no cenário brasileiro

Paulo "polex" tinha uma relação complicada com o Counter-Strike em seus primeiros contatos. Enquanto seus amigos abandonavam o Minecraft para jogar o FPS da Valve, o jovem criador de conteúdo desenvolvia um sentimento de rejeição. "Eu odiava o CS. Na minha visão, ali de criança, ele tava roubando os meus amigos", confessou em entrevista à Dust2 Brasil.

Mas tudo mudou em 2016, quando o cenário competitivo brasileiro vivia seu auge com as conquistas da Luminosity e SK Gaming. As performances de FalleN, fer e TACO não apenas conquistaram títulos, mas também conquistaram o coração de polex. "Essa paixão veio muito de assistir os highlights desses jogadores... É por isso que falo nos vídeos que esses caras mudaram a minha vida", revelou.

Do sonho de ser pro player ao sucesso como criador de conteúdo

Embora o caminho inicial imaginado por polex fosse o de se tornar jogador profissional, foi como criador de conteúdo que ele encontrou seu espaço no mundo do CS. Com uma abordagem inovadora para os Shorts do YouTube, ele rapidamente se tornou uma referência no Brasil, construindo uma comunidade engajada.

O reconhecimento veio de forma surpreendente, com duas indicações ao HLTV Awards e experiências marcantes como o IEM Rio 2024, onde foi abordado por fãs. "Foi uma doideira. Muita gente pedindo pra eu assinar camisas, tirando fotos comigo... Às vezes formava até fila", contou sobre o evento que marcou sua transição de fã para personalidade do cenário.

Novos objetivos e a paixão que permanece

Com mais de 1 milhão de seguidores somando todas as plataformas, polex agora mira em novos desafios. Entre seus planos estão a produção de conteúdos mais autorais e quem sabe uma série documentando a rotina de aspirantes a jogadores profissionais. "Hoje não existe mais um caminho claro pra virar pro player, mas mostrar essa vivência da cena amadora seria muito legal", refletiu.

O youtuber também compartilhou o orgulho de ver seu nome no HLTV, mesmo que não como jogador: "Foi doido ver meu nome lá com a bandeirinha do lado. Até brinquei com os amigos da época: entrei na HLTV de um jeito ou de outro".

A evolução do conteúdo e a conexão com a comunidade

O sucesso de polex não veio por acaso. Ele percebeu cedo que o público brasileiro de CS queria mais do que apenas highlights - queria identidade. "Quando comecei a colocar minha personalidade nos vídeos, tudo mudou. As pessoas não vinham só pelo jogo, mas pela nossa interação", explicou. Essa abordagem mais pessoal transformou espectadores em uma comunidade ativa, que participa ativamente nos comentários e até sugere temas para futuros vídeos.

E os números comprovam: seus Shorts mais populares ultrapassam 5 milhões de visualizações, um feito impressionante para um nicho específico como o CS:GO. Mas o que realmente surpreende é a taxa de engajamento. "Tem vídeo com 30, 40 mil comentários. As discussões que rolam ali são melhores que muita mesa redonda profissional", brincou.

Os desafios por trás das câmeras

Por trás do conteúdo aparentemente descontraído, há um trabalho meticuloso. polex revelou que passa até 12 horas editando vídeos mais complexos, com direito a noites mal dormidas antes de grandes eventos. "Tem dia que eu fecho o editor e já tá amanhecendo. Mas quando vejo a reação do público, vale cada minuto", confessou.

O processo criativo também tem suas particularidades. Diferente de muitos criadores, ele não segue um calendário rígido. "Se eu tentar forçar conteúdo quando não tiver inspiração, fica ruim. Meu público percebe na hora", admitiu. Essa autenticidade parece ser justamente o que mantém os seguidores fiéis, mesmo com a imprevisibilidade de postagens.

O futuro do cenário e seu papel nele

Questionado sobre o momento atual do CS brasileiro, polex não esconde o otimismo. "A gente tá vivendo uma renovação. Tem muito talento novo surgindo, e o público continua apaixonado", avaliou. Ele mesmo pretende contribuir para essa evolução, seja descobrindo novos talentos ou criando pontes entre jogadores amadores e organizações.

Uma das ideias em discussão é um reality show focado em equipes semiprofissionais. "Imagina acompanhar o dia a dia desses caras, os perrengues, as vitórias... Seria um jeito diferente de mostrar o caminho até o profissionalismo", projetou com entusiasmo. O projeto ainda está em fase embrionária, mas já causa burburinho entre seus seguidores mais antigos.

Enquanto os planos ambiciosos não se concretizam, polex segue sua rotina intensa entre transmissões ao vivo, produção de Shorts e a constante interação com fãs. "Tem dia que é cansativo, mas eu não trocaria por nada. Ainda me arrepio quando lembro que tudo começou com um mlk com ciúme do jogo", riu, fechando o círculo de sua história peculiar com o Counter-Strike.

Com informações do: Dust2