zakk traça paralelo entre times brasileiros e Harry Potter

Rafael "zakk" Fernandes, treinador da Imperial, surpreendeu ao comparar as diferentes abordagens do Counter-Strike no Brasil com as casas de Hogwarts, da saga Harry Potter, em entrevista à BLAST, organizadora do próximo Major.

As duas grandes escolas do CS brasileiro

"Consigo ver claramente que tem o pessoal da equipe do FalleN, com pessoas que jogaram com FalleN no passado, tipo o fer, TACO, coldzera e todos esses caras. Eles têm uma certa perspectiva de como abordar o jogo", explicou zakk.

"Porém, se você estava com os caras da FURIA, até o VINI que jogou com eles no passado, eles têm uma visão diferente das outras escolas. É como se fosse Grifinória e Sonserina do Brasil."

O treinador destacou ainda como os jogadores mais novos podem aprender com ambas as abordagens: "O pessoal da geração antiga pode ensinar muito à nova geração, e o chay que se juntou à nós, aprendeu tanto com TACO quanto com arT porque jogou com ambos".

VINI e a adaptação entre estilos

Quando questionado sobre qual time representaria cada casa de Hogwarts, zakk preferiu deixar a interpretação para Vinicius "VINI" Figueiredo, que revelou nunca ter assistido Harry Potter. "VINI é Lufa-Lufa", brincou o treinador.

VINI, que defendeu a FURIA por mais de três anos antes de se transferir para a Imperial em 2022, falou sobre os desafios de se adaptar ao estilo mais estruturado de Gabriel "FalleN" Toledo após jogar sob o comando agressivo de Andrei "arT" Piovezan.

"Foi difícil adaptar no começo porque lembro que quando me juntei ao FalleN, eu não via sentido em como ele falava do CS. 'Por que você tá fazendo isso assim? Por que não está rushando?'. Todos os timings eram muito lentos, tudo era diferente", confessou VINI.

O jogador analisou a evolução do jogo: "Mas eu diria que o jogo evoluiu a um ponto que ambas as escolas estão fora desatualizada. Você não pode jogar somente nesses estilos."

VINI comparou os dois métodos: "arT fazia jogadas muito rápidas, ganhando espaço, trocando kills, porém você poderia ou venceria o round em 30 segundos. FalleN é mais estruturado, ganhando espaço por defaults e, atualmente, a situação pode ser alterada e você começar a sofrer."

O atual cenário competitivo também foi abordado: "O jogo está numa era francesa, é um diferente estilo de jogo, os CTs são agressivos, a vantagem do peeker ajuda muito ao TR, então todo mundo está abusando das suas miras. É um jogo estranho agora."

A Imperial, que conta com VINI e zakk, será uma das seis equipes brasileiras no BLAST.tv Austin Major. O time estreará no mundial na terça-feira em MD1 contra a B8.

O impacto das diferentes filosofias no cenário atual

Analisando mais a fundo as diferenças entre essas 'escolas' brasileiras, é interessante notar como cada abordagem influenciou gerações de jogadores. O estilo mais calculista e estratégico de FalleN, que dominou o cenário entre 2016 e 2018, contrasta fortemente com a agressividade controlada que a FURIA trouxe a partir de 2019.

Mas será que essas diferenças filosóficas ainda são relevantes hoje? Alguns analistas argumentam que o Counter-Strike moderno exige uma mescla de ambos os estilos. "Você precisa da estrutura para manter consistência, mas também da capacidade de improvisar quando o jogo esquenta", comenta um observador do cenário.

O papel dos treinadores na evolução do CS brasileiro

zakk, que já trabalhou com ambas as abordagens, tem uma perspectiva única sobre como integrar esses conhecimentos. "Não se trata de escolher um lado, mas de entender quando cada estratégia é mais eficaz", revelou em outra entrevista recente.

Ele detalhou como adapta seu trabalho:

  • Mantém sessões de análise detalhada de rounds, herdada da escola mais estratégica

  • Incentiva jogadas agressivas em momentos-chave, inspirado no estilo FURIA

  • Desenvolve sistemas de comunicação que permitam transições fluidas entre os estilos

"O maior desafio é fazer os jogadores entenderem que não existe uma única forma correta de jogar", acrescentou zakk. "O VINI é um exemplo perfeito de alguém que absorveu o melhor dos dois mundos."

A próxima geração e o futuro do CS no Brasil

Com jovens talentos como brnz4n e nqz surgindo no cenário, surge a questão: qual escola eles seguirão? Ou será que criarão uma terceira via?

Alguns sinais sugerem que os novos jogadores estão menos presos às dicotomias do passado. "Eles consomem conteúdo de todos os times, assistem demos de equipes europeias e asiáticas, e tentam adaptar o que funciona para seu estilo", observa um scout brasileiro.

O próprio zakk parece otimista sobre essa evolução: "Vejo os jovens chegando com menos preconceitos sobre como o jogo deve ser jogado. Eles questionam tudo, e isso é saudável para nossa cena."

Enquanto isso, a Imperial se prepara para o Major com essa filosofia híbrida. "Não somos nem Grifinória nem Sonserina", brincou VINI. "Talvez sejamos os Corvinais tentando usar o chapéu seletor do nosso jeito."

Com informações do: Dust2