Esports na academia: quando os jogos viram matéria

O cenário competitivo dos esports está rompendo fronteiras e chegando com força ao ambiente acadêmico. Nicolás "Noktse" Dávila, capitão da equipe BESTIA, recentemente compartilhou sua experiência em liderança com estudantes da Universidad Argentina de la Empresa (UADE).

"Uma ótima experiência hoje com todos os membros da turma de UADE 'Design, Construção e Análise de Equipes de Alta Competição'..." relatou Noktse em suas redes sociais, destacando a troca de conhecimentos sobre gestão de equipes no competitivo.

">Post completo de Noktse

Liderança além dos jogos

O que muitos ainda veem como simples entretenimento, as universidades começam a enxergar como campo de estudo sério. A aula contou também com a participação de Jerónimo "jotinha" Quirno Costa, capitão do time de Valorant da Farenvehn, mostrando como as habilidades desenvolvidas nos esports têm aplicação em diversos contextos.

Não se trata apenas de jogar bem - a gestão de equipes, tomada de decisão sob pressão e comunicação eficaz são competências valiosas que esses atletas digitais dominam e que agora compartilham com futuros profissionais.

Casos de sucesso na educação

Enquanto na Argentina o foco foi na liderança, no Brasil um projeto chamado Gamecraft usa os esports como ferramenta contra a evasão escolar no Rio de Janeiro. Com apoio da Imperial e da FERJEE, o programa oferece aulas de inglês aliadas a jogos como CS2, eFootball e Minecraft.

O que esses casos mostram? Que os jogos eletrônicos podem ser muito mais que diversão - são portas para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais e até ferramentas pedagógicas inovadoras.

O mercado de trabalho e os esports

As universidades não estão apenas reconhecendo o valor educacional dos esports - elas estão antecipando uma demanda do mercado. Grandes empresas já buscam profissionais com experiência em ambientes competitivos, especialmente para áreas como gestão de projetos, recursos humanos e até marketing digital.

"O que aprendemos liderando equipes em torneios online pode ser aplicado em qualquer cenário corporativo", comenta Noktse em entrevista exclusiva. "Tomada de decisão rápida, adaptabilidade e trabalho em equipe são exigências de qualquer carreira de sucesso hoje."

Desafios na profissionalização

Apesar do avanço, ainda existem barreiras significativas. Muitas instituições de ensino tradicional ainda resistem em incorporar os esports em seus currículos. "Há um preconceito que precisamos superar", analisa a professora María Soledad Acuña, coordenadora do curso na UADE. "Mas os resultados falam por si."

Um estudo recente da UEFA mostrou que jogadores de esports desenvolvem capacidades cognitivas 23% superiores à média em testes de resolução de problemas complexos. Dados como esse estão ajudando a mudar percepções.

O modelo híbrido: educação tradicional + competição

Algumas escolas pioneiras estão testando modelos onde os alunos mantêm desempenho acadêmico regular para poder participar de times competitivos. "É um equilíbrio delicado, mas que traz benefícios claros", explica o diretor de uma escola técnica em São Paulo que adotou o sistema.

Os próprios jogadores profissionais começam a valorizar a formação acadêmica. "Quero estudar psicologia para entender melhor o comportamento das equipes", revela jotinha, mostrando como a carreira nos esports está se tornando mais sustentável e multifacetada.

Com informações do: Dust2