Yuri "yuurih" Santos finalmente conquistou seu primeiro título em um grande evento de Counter-Strike após oito anos na FURIA. Em entrevista exclusiva à Dust2 Brasil, o jogador abriu o jogo sobre as dúvidas, o cansaço e a "mágica" que levaram a equipe à vitória no FISSURE Playground 2 contra The MongolZ.
O peso de oito anos de espera
"Estamos tentando por muito tempo ganhar um campeonato desse porte, ainda mais nos dias de hoje, com o jogo muito competitivo", confessou yuurih. O alívio foi palpável quando a vitória finalmente chegou: "Na hora que ganhamos foi um alívio, parece que saiu uma montanha do meu ombro".
E ele admitiu algo que muitos jogadores provavelmente sentem, mas raramente confessam: "Por um momento, passa na cabeça, o 'caralho, chegamos até aqui e não vamos conseguir'". Mas a resiliência falou mais alto: "Eu não desacreditei em nenhum momento, ninguém desacreditou".
A "mágica" que fez a diferença
A final foi uma verdadeira maratona - uma MD5 que testou os limites físicos e mentais da equipe. yuurih revelou que o cansaço era extremo, mas algo especial aconteceu: "No último mapa jogamos muito bem, mas tivemos um pouquinho de mágica, ganhamos rounds muito importantes".
Um momento crucial veio quando ele pediu uma AK para FalleN durante um eco: "As coisas foram acontecendo, estou muito feliz, nós conseguimos". Às vezes, no esporte, há esses momentos que transcendem a tática pura - quase como se o jogo decidisse recompensar o esforço.
Fé no processo e nas mudanças
yuurih e Kaike "KSCERATO" Cerato são os veteranos da organização, há quase oito anos vestindo o manto da Pantera. Ele admitiu que já passou pela mente o pensamento: "'Caramba, será que nunca vamos conseguir?'".
Mas a resposta sempre foi a mesma: "A única saída é continuar". As mudanças na equipe foram significativas - molodoy e YEKINDAR se juntaram ao time quando "ninguém acreditava, mas nós sempre acreditamos".
E as adaptações foram profundas: "Eu mudei de função agora, é uma função difícil, tem que jogar para o time, ir bem individualmente, eu mudei muito meu estilo de jogo". FalleN abandonou a AWP, YEKINDAR encontrou seu espaço, KSCERATO manteve a consistência - cada peça se encaixando no quebra-cabeça.
O valor de permanecer fiel
yuurih revelou que ele e KSCERATO receberam propostas de outros times ao longo dos anos. "Mas temos uma organização muito foda, um salário bom e somos do Brasil", explicou. A decisão de ficar agora se mostra acertada: "Quando olhamos dar certo, vemos que fizemos a escolha certa".
Ele também falou sobre a pressão externa: "Às vezes eu não entendo o hate, mas a galera só quer nos ver jogando bem, ganhando". A frustração é compreensível - quando você se dedica completamente e os resultados não vêm imediatamente, é natural questionar se o caminho está certo.
Mas a perspectiva de yuurih é de longo prazo: "Nós vamos continuar trabalhando, jogando, para no fim do dia termos mais troféus para, quando aposentarmos, olharmos para trás e saber que fizemos um bom trabalho".
A jornada psicológica nos bastidores
O que poucos veem são as horas de discussão tática após as derrotas, as sessões de análise de VOD que se estendem até altas horas da noite. yuurih compartilhou um insight interessante sobre a dinâmica interna: "Tem dias que a gente discute bastante, mas sempre com respeito. Todo mundo quer vencer, então quando algo não está funcionando, precisamos falar".
E essa transparência parece ter sido crucial para a evolução do time. "O YEKINDAR chegou com uma mentalidade diferente, o molodoy trouxe uma energia nova", refletiu yuurih. "A gente percebeu que precisávamos mudar algumas coisas na nossa comunicação durante as partidas".
Uma mudança específica que ele mencionou foi na forma como abordam os momentos de pressão: "Antes a gente ficava muito na defensiva quando perdíamos rounds consecutivos. Agora tentamos manter a calma e pensar round a round, sem deixar a emoção tomar conta".
Os sacrifícios por trás do sucesso
yuurih também tocou em um tema sensível para muitos atletas de elite: o custo pessoal da dedicação máxima. "Tem dias que você acorda cansado, mas tem que treinar. Tem família que você deixa de ver, amigos que você não encontra", confessou.
Mas ele rapidamente acrescentou: "Mas quando você vê o resultado, tudo isso faz sentido. A vitória compensa cada noite mal dormida, cada momento que você deixou de estar com quem ama".
E sobre a pressão de representar não apenas a organização, mas todo um país? "O torcedor brasileiro é passionado, então a cobrança é grande. Mas a gente sente que quando estamos bem, todo o Brasil torce junto".
Um detalhe curioso que ele revelou foi sobre a rotina de preparação mental: "Ultimamente tenho tentado meditar antes dos jogos importantes. Ajuda a acalmar a mente e focar no que realmente importa".
O futuro e as expectativas
Com este título no bolso, naturalmente surgem questionamentos sobre o que vem pela frente. yuurih foi cauteloso, mas otimista: "Não podemos pensar que porque ganhamos um já vamos ganhar todos. O cenário está cada vez mais competitivo".
Ele destacou a importância de manter os pés no chão: "A gente comemora, claro, mas segunda-feira já estamos pensando no próximo torneio. O trabalho continua".
Quando questionado sobre objetivos específicos para o restante da temporada, yuurih foi direto: "Queremos nos classificar para o Major, isso é prioridade. E depois, quem sabe, trazer outro troféu para o Brasil".
A conversa tomou um rumo interessante quando ele começou a falar sobre a evolução do Counter-Strike como um todo: "O jogo mudou muito nesses oito anos. Antes era mais sobre individualidade, hoje é muito tático. A gente precisa se adaptar constantemente".
E sobre as críticas que a equipe recebeu durante o período de adaptação às novas funções? "No começo foi difícil, claro. Todo mundo querendo acertar rápido, mas algumas coisas levam tempo". Ele fez uma analogia interessante: "É como aprender a dirigir carro manual depois de anos no automático. No início você engata errado, dá solavancos, mas com prática vai ficando natural".
O que mais impressiona na fala de yuurih é a maturidade com que ele encara os altos e baixos. "Cada derrota a gente tira um aprendizado. Não adianta ficar remoendo o que passou, tem que olhar para frente".
E sobre a parceria com KSCERATO, que já dura quase uma década? "A gente se completa. Tem vezes que eu estou nervoso e ele me acalma, outras que é o contrário. Essa sintonia é algo que não tem preço".
Com informações do: Dust2
