Pela primeira vez desde que deixou a FURIA, mwzera abriu o jogo sobre sua saída da organização onde ficou por quase três anos e sua recente chegada à LOS. Em entrevista exclusiva ao THESPIKE Brasil, o jogador revelou que, no final das contas, essa transição acabou sendo positiva para sua carreira como profissional de VALORANT. E sabe o que é mais interessante? Às vezes, um passo para trás pode significar dois para frente.

Novos ares e um recomeço necessário

"Como eu estava há dois anos já na FURIA, foi uma coisa muito boa para mim, sair de um lugar que eu já estava há muito tempo. Novos ares é bom também", confessou mwzera. Ele admitiu que o início foi conturbado, principalmente por questões pessoais fora do jogo, mas destacou o apoio que recebeu tanto da FURIA durante a negociação quanto da LOS após sua chegada.

O que me chamou atenção foi sua honestidade sobre estar acomodado. "Por estar muito tempo no tier 1, às vezes a gente acaba entrando em uma zona de conforto inconsciente", refletiu. Essa autopercepção rara entre jogadores profissionais mostra uma maturidade que vai além do jogo.

A pressão de substituir um ídolo e as expectativas

Imagine chegar em um time que acabou de ser campeão para substituir ninguém menos que frz, um dos melhores jogadores da LOS. A pressão era enorme, e mwzera não esconde que isso afetou seu desempenho inicial. "Muito insatisfeito", admitiu sobre a campanha no VCL 2025 - Brazil: Stage 2, onde ficaram em top-5 - resultado que considerou aquém do esperado para um time que almejava pelo menos uma final.

Mas aqui está o ponto interessante: em vez de culpar circunstâncias externas, ele assumiu a responsabilidade. "A gente anda se cobrando, anda trabalhando para mudar muitas coisas, seja mentalmente ou dentro de jogo". Essa postura diz muito sobre como a experiência no tier 2 está servindo como processo de amadurecimento.

O caminho de volta ao tier 1

mwzera deixou claro que seu objetivo permanece inalterado: voltar para as franquias do tier 1. O que mudou foi sua abordagem. O tempo no VCB (Valorant Challengers Brasil) está sendo usado para corrigir erros, repensar mentalidade e reconstruir confiança.

Agora, a LOS com mwzera tem pela frente o LCQ Americas, disputado entre 4 e 7 de setembro, onde enfrentará RED Canids, Team Solid e Corinthians Esports. Duas vagas estarão em jogo para o VCT Ascension Americas 2025, que acontece em outubro em São Paulo.

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O que muitos não percebem é que essa jornada no tier 2 pode ser justamente o que mwzera precisa para retornar mais forte ao cenário principal. Ele mesmo reconhece: "A gente tem que passar por esse processo para amadurecer como jogador e como pessoa". E não é exagero dizer que às vezes precisamos descer para subir mais alto depois.

Durante nossa conversa, mwzera detalhou como a dinâmica dentro da LOS difere da FURIA. "Aqui temos uma comunicação mais aberta, todos podem dar opiniões sobre estratégias". Essa liberdade criativa, segundo ele, está ajudando a redespertar sua confiança dentro do jogo. Mas confessa que ainda está se adaptando ao estilo de liderança diferente: "Cada IGL tem sua maneira de comandar, e estou aprendendo a ler melhor as intenções do meu atual".

Os desafios mentais além do jogo

Algo que me surpreendeu foi a profundidade com que mwzera falou sobre saúde mental. "No tier 1, a gente acaba negligenciando isso porque está sempre sob pressão por resultados". Agora, na LOS, ele está trabalhando com um psicólogo esportivo regularmente - algo que admite não ter priorizado antes.

E os resultados já começam a aparecer. "Estou aprendendo a lidar melhor com a frustração de derrotas e a não colocar tanta pressão em cima de mim mesmo". Essa abordagem mais equilibrada pode ser justamente o diferencial que faltava em sua performance.

Não podemos ignorar, é claro, o aspecto financeiro dessa transição. Saindo de uma organização como a FURIA para o Challengers, há naturalmente uma diferença salarial significativa. Mas mwzera foi pragmático: "Às vezes precisamos abrir mão de algumas coisas no curto prazo para ganhar no longo prazo". Essa visão estratégica da carreira é rara em jogadores tão jovens.

Preparação para o LCQ e expectativas realistas

Com o Last Chance Qualifier se aproximando, a rotina na LOS intensificou. "Estamos treinando cerca de 8 horas por dia, com análise de VODs específicos de nossos adversários". mwzera revelou que a equipe está focada especialmente em estudar a RED Canids, seu primeiro oponente no torneio.

O que me chamou atenção foi como ele descreve a evolução da equipe: "A cada semana estamos nos entendendo melhor dentro do jogo. No começo havia muita hesitação nas rotinações, agora já temos quase uma leitura telepática". Essa sintonia será crucial contra times que jogam juntos há muito mais tempo.

Quando perguntei sobre as chances reais de classificação, mwzera foi cautelosamente otimista: "Sabemos que não somos favoritos, mas isso tira parte da pressão. Podemos jogar mais soltos e surpreender". Essa mentalidade de underdog parece estar liberando a equipe para arriscar mais estrategicamente.

Um detalhe interessante: a LOS trouxe um coach auxiliar especificamente para trabalhar com mwzera em seu papel de duelista. "Estou reaprendendo a agressividade controlada - saber quando entrar e quando recuar". Essa nuance técnica pode fazer toda diferença contra equipes mais experientes.

E quanto ao possível reencontro com a FURIA no Ascension? mwzera sorriu: "Seria especial, claro. Mas primeiro precisamos garantir nossa vaga". A humildade de focar no presente em vez de sonhar com revanches futuras mostra seu amadurecimento.

O caminho até o LCQ ainda reserva muitas horas de treino, análise e ajustes. mwzera finalizou nossa conversa com um pensamento que resume bem seu momento: "Às vezes precisamos perder tudo para descobrir o que realmente importa". E no seu caso, o que importa parece ser redescobrir a paixão pelo jogo sem o peso excessivo das expectativas.

Com informações do: THESPIKE