Quando Morttheus chegou à Vivo Keyd Stars em 2024, poucos poderiam imaginar que em pouco mais de um ano ele se tornaria peça fundamental na transformação dos Guerreiros. De jogador da equipe Academy a campeão do Tier 1, sua trajetória mostra como o desenvolvimento de talentos pode revolucionar uma organização.
Da base ao topo: a ascensão meteórica de Morttheus
Morttheus começou sua jornada na VKS como parte do projeto Academy liderado pelo Coach SeeEl. Seu primeiro split já foi promissor - chegou à Grande Final, mas terminou com o amargo vice-campeonato para a paiN Gaming. Essa derrota, porém, serviu como combustível para o que viria a seguir.
No split seguinte, veio a redenção: o título do CBLOL Academy 2024.2, desta vez sobre a mesma paiN Gaming que havia vencido anteriormente. Foi neste momento que começamos a ver o surgimento de um jogador com mentalidade vencedora.
A transição para o Tier 1 e a superação das dificuldades
2025 trouxe novos desafios para Morttheus - a promoção para o time principal. E confesso que o início não foi fácil. A equipe terminou o primeiro split na última colocação, e no segundo split viveu altos e baixos constantes. O próprio ADC passou por momentos de inconsistência, deixando muitos torcedores questionando se ele estava pronto para o nível principal.
Mas algo mudou no terceiro split. A VKS fez ajustes no elenco, trocando o midlaner, mas a verdadeira transformação veio de dentro. Morttheus parece ter encontrado uma confiança que faltava, e os números mostram isso claramente:
Dano por Minuto (DPM): saltou de 701 nos playoffs do 2º split para 748 no 3º split
KDA: impressionantes 3,2 nos playoffs do 2º split para 7,3 no 3º split
Essa melhoria estatística não foi apenas sobre números frios - refletiu uma mudança de postura em jogo. Morttheus começou a propor mais jogadas, a tomar decisões mais assertivas e, o mais importante, a carregar jogos quando necessário.
O desempenho nos playoffs e o amadurecimento competitivo
Os playoffs do 3º split foram onde Morttheus realmente mostrou seu valor. Seus números foram simplesmente absurdos: 10/0/18 contra a FURIA, 27/10/25 contra a paiN Gaming e 23/4/30 na final contra a RED Canids. Essas estatísticas não são apenas sobre frags - mostram um jogador que soube equilibrar agressividade com inteligência tática.
O que mais me impressiona não é apenas a habilidade mecânica, mas a evolução mental. Morttheus aprendeu a ler melhor as situações de jogo, saber quando pressionar e quando recuar. Essa maturidade é rara em jogadores tão jovens no cenário competitivo.
O futuro: Cross Conference e Worlds 2025
Com o título garantido, a VKS já assegurou vaga no Worlds 2025, mas agora enfrenta o desafio do Cross Conference. Este torneio unificará os melhores times das conferências Norte e Sul entre 13 e 28 de setembro, definindo os seeds para o campeonato mundial.
Serão seis equipes disputando três vagas no Worlds, e a VKS de Morttheus e Boal terá a chance de provar que seu título não foi acidente. O ADC terá pela frente alguns dos melhores botlanes do Brasil, testando novamente sua capacidade de adaptação e crescimento.
O projeto de base da Vivo Keyd Stars, liderado pelo Coach SeeEl, mostrou que investir no desenvolvimento de talentos locais pode trazer resultados concretos. Morttheus é a prova viva de que o caminho da base ao topo, though challenging, pode construir não apenas jogadores, mas campeões.
A evolução técnica e tática: além dos números
O que realmente diferencia Morttheus de outros ADCs que surgiram no cenário não são apenas suas estatísticas impressionantes, mas como ele conseguiu evoluir aspectos técnicos específicos do jogo. Conversando com analistas que acompanham a liga há anos, percebi que seu crescimento em certas áreas foi simplesmente fenomenal.
Um dos pontos que mais chamou atenção foi sua melhoria no posicionamento em teamfights. Nos primeiros splits, ele frequentemente era pego em posições vulneráveis, mas agora parece ter desenvolvido um sexto sentido para saber exatamente onde se posicionar. E não é só instinto - é estudo. Fontes próximas à equipe contam que ele passa horas analisando VODs de outros ADCs internacionais, especialmente jogadores asiáticos conhecidos por seu posicionamento impecável.
Seu champion pool também expandiu significativamente. Enquanto no início dependia principalmente de picks como Kai'Sa e Ezreal, hoje ele domina um leque muito maior de campeões, incluindo opções menos convencionais que surpreendem os adversários. Essa versatilidade tornou a VKS muito mais imprevisível no draft phase.
A sinergia com Boal: uma dupla que encontrou sua voz
É impossível falar da evolução de Morttheus sem mencionar sua parceria com Boal. No começo, a dupla parecia desconectada, com timing desencontrado em engages e pouca comunicação. Mas algo clicou entre eles no terceiro split.
Analisando as partidas, percebe-se que desenvolveram uma linguagem própria no botlane. Morttheus aprendeu a confiar mais nas calls agressivas de Boal, enquanto o suporte passou a entender melhor os limites de seu ADC. Essa sintonia não aconteceu da noite para o dia - foi construída através de inúmeras horas de scrims e discussões pós-jogo.
O que me surpreende é como eles conseguiram desenvolver estilos complementares. Boal traz a agressividade e a visão de jogo macro, enquanto Morttheus oferece a precisão mecânica e a paciência necessária para esperar o momento certo de entrar nas fights. É raro ver uma dupla tão nova conseguir equilibrar tão bem esses aspectos.
O papel do staff técnico na ascensão do jovem ADC
Por trás de todo grande jogador, há um staff técnico competente, e com Morttheus não foi diferente. O coach SeeEl parece ter criado um ambiente perfeito para seu desenvolvimento, entendendo quando pressionar e quando dar espaço para o crescimento natural.
O que poucos sabem é que a VKS implementou um programa específico de desenvolvimento para Morttheus após o fracasso do primeiro split. Incluía não apenas treino mecânico, mas também sessões de psicologia esportiva, análise de replays individuais e até exercícios para melhorar sua comunicação em jogo.
Um detalhe interessante: eles trouxeram um coach auxiliar focado especificamente no botlane, algo que muitas equipes negligenciam. Esse profissional trabalhou individualmente com Morttheus e Boal, ajudando a resolver as desconexões iniciais e desenvolvendo estratégias específicas para a dupla.
Os desafios do Cross Conference: um teste de fogo
Agora, o verdadeiro teste aguarda. O Cross Conference colocará Morttheus frente a frente com os melhores ADCs do Brasil, incluindo veteranos experientes que já jogaram internacionalmente. Será fascinante observar como ele se adapta a diferentes estilos de jogo.
As equipes do Norte tendem a ter abordagens diferentes no botlane, muitas vezes mais agressivas e imprevisíveis. Morttheus terá que demonstrar que consegue não apenas igualar, mas superar adversários que possuem muito mais experiência em cenários de alta pressão.
O formato do torneio também apresenta desafios únicos. Com apenas duas semanas entre a conquista do título e o início do Cross Conference, a VKS terá pouco tempo para se preparar especificamente para cada adversário. A capacidade de adaptação rápida de Morttheus será crucial aqui.

Além disso, a pressão psicológica será completamente diferente. Enquanto no CBLOL a VKS era considerada underdog, agora chegará como campeã, com expectativas muito maiores. Como Morttheus lidará com essa mudança de status? Será que conseguirá manter o mesmo nível de performance agora que todos estarão estudando especificamente para counterá-lo?
O legado que está construindo
O que mais me impressiona na trajetória de Morttheus é como ela está inspirando uma nova geração de jogadores. Muitos jovens agora veem que é possível ascender da base ao time principal em pouco tempo, desde que haja dedicação e a estrutura certa para apoiar esse desenvolvimento.
Organizações menores estão começando a prestar mais atenção em seus projetos de base, entendendo que podem cultivar talentos locais em vez de depender constantemente de contratações externas. O sucesso de Morttheus pode, ironicamente, tornar mais difícil para a VKS reter seus talentos no futuro, já que outras equipes certamente estarão de olho em seus jogadores da academy.
O próprio Morttheus parece entender o peso dessa responsabilidade. Em entrevistas, frequentemente menciona a importância de dar exemplo para os jogadores mais novos que estão chegando, mostrando que o caminho though difícil, é possível. Essa maturidade é rara em alguém com tão pouca experiência no cenário principal.
Com informações do: www.maisesports.com.br
