O cenário gamer latino-americano em destaque

O Latin American Games Showcase (LAGS), realizado durante o Summer Game Fest deste ano, apresentou nada menos que 57 jogos em uma transmissão especial no YouTube e Twitch. Esse evento dedicado à produção de games da América Latina trouxe trailers exclusivos, anúncios de demos e até world premieres de estúdios de países como Brasil, Argentina, México, Chile e Colômbia.

Destaques imperdíveis da mostra

Entre os jogos que chamaram atenção, o brasileiro A.I.L.A. se destacou como um dos grandes nomes do evento. Desenvolvido pelo Pulsatrix Studios, é um jogo de terror em primeira pessoa que transporta os jogadores para um futuro distópico repleto de tecnologia imersiva e experiências perturbadoras.

Mas a diversidade foi a grande estrela do LAGS. Enquanto A.I.L.A. mergulha no horror tecnológico, outro título brasileiro, Gaucho and the Grassland, oferece uma experiência completamente diferente - um simulador de vida nos pampas gaúchos, onde o jogador constrói sua fazenda e cuida de animais.

Outros destaques incluem:

  • Despelote (Equador): Uma aventura nostálgica sobre memórias da infância e a magia do futebol

  • Teios Journey (Argentina): Jogo de ação e plataforma 2D que promete desafiar as habilidades dos jogadores

  • Tormented Souls 2 (Chile): Sequência do aclamado survival horror

A diversidade da produção latino-americana

O que mais impressiona no LAGS é a variedade de gêneros e abordagens. De jogos indie experimentais a produções mais comerciais, a cena latino-americana mostra sua força criativa. O evento incluiu desde simuladores de vida rural até jogos de terror psicológico, passando por aventuras narrativas e títulos de ação.

Além dos já mencionados, vale destacar produções como Greak: Memories of Azur (desenvolvido em colaboração entre México, Argentina e Equador) e Requiem Of Shadows (México e Venezuela), que mostram como a colaboração entre países da região pode resultar em jogos únicos.

O impacto do LAGS na indústria regional

O Latin American Games Showcase não é apenas uma vitrine, mas um importante catalisador para a indústria de jogos na região. Muitos desenvolvedores relatam que a exposição no evento gerou contatos valiosos com publishers internacionais e aumentou significativamente o interesse em seus projetos. "Foi como se o mundo finalmente estivesse prestando atenção no que fazemos aqui", comentou um desenvolvedor argentino em entrevista após o evento.

Jogos que exploram a identidade cultural

Uma tendência marcante nesta edição foi o número de títulos que mergulham profundamente nas culturas locais. Despelote, por exemplo, não é apenas sobre futebol - é uma viagem emocional pelas memórias de infância em Quito, capturando a essência das ruas equatorianas e a paixão pelo esporte. O jogo usa uma estética visual única que mistura fotografia e ilustração, criando algo que parece saído diretamente de um álbum de família.

Da mesma forma, Gaucho and the Grassland vai além do simulador de fazenda tradicional. Os desenvolvedores brasileiros incorporaram elementos folclóricos do Rio Grande do Sul, desde a música até as tradições campeiras, oferecendo uma experiência que é tanto educativa quanto divertida. Você sabia que o jogo inclui até receitas autênticas de chimarrão?

Técnica e inovação nos jogos latinos

O que talvez surpreenda muitos é o nível técnico alcançado por vários desses projetos. Tormented Souls 2, por exemplo, compete de igual para igual com grandes produções internacionais de survival horror, tanto em termos de gráficos quanto de design de gameplay. O estúdio chileno por trás do jogo demonstrou uma evolução impressionante desde o primeiro título.

Outro exemplo é A.I.L.A., que utiliza tecnologias de ray tracing e sistemas avançados de IA para criar suas sequências de terror. O Pulsatrix Studios, desenvolvedor brasileiro, parece ter absorvido lições de franquias como Resident Evil e Silent Hill, mas adicionando sua própria identidade visual e narrativa.

Alguns outros jogos que mostram avanços técnicos notáveis:

  • Requiem Of Shadows: Combina elementos de metroidvania com um sistema de combate inspirado em dança tradicional mexicana

  • Teios Journey: Apresenta mecânicas de plataforma precisas que lembram os melhores jogos indie do gênero

  • Greak: Memories of Azur: Oferece visuais pintados à mão que rivalizam com produções da Studio Ghibli

Desafios e oportunidades para os desenvolvedores

Apesar do sucesso do showcase, muitos desenvolvedores latino-americanos ainda enfrentam obstáculos significativos. A falta de financiamento local e a dificuldade em competir com grandes estúdios internacionais são queixas comuns. No entanto, eventos como o LAGS estão ajudando a mudar essa narrativa, provando que a região tem talento e criatividade de sobra.

"O maior desafio não é fazer um bom jogo - é fazer o mundo saber que ele existe", reflete uma desenvolvedora colombiana cujo jogo foi apresentado no evento. Plataformas como Steam e Epic Games Store têm se mostrado aliadas importantes, mas a batalha pela visibilidade continua.

Com informações do: www.terra.com.br