Após uma campanha impressionante no Major que resultou em uma semifinal, a paiN Gaming finalmente retornou aos playoffs de um torneio significativo no segundo semestre. Em entrevista exclusiva à HLTV, Lucas "nqz" Soares, awper brasileiro da equipe, abriu o jogo sobre a mentalidade do time e os desafios enfrentados nessa retomada de competitividade.

A mentalidade necessária para avançar nos playoffs

nqz foi direto ao ponto sobre o que a paiN precisa para ter sucesso na fase decisiva do torneio: "Temos que jogar com a mente clara. Não podemos ter medo de qualquer time porque todos os classificados para os playoffs são muito bons". Essa abordagem sem medo parece ser crucial para uma equipe que busca restabelecer sua presença entre as melhores do cenário.

O jogador enfatizou que a equipe não pode deixar o torneio com a sensação de que não tentou o suficiente ou jogou com excesso de respeito pelos adversários. "Como não podemos escolher adversários, não podemos sentir medo... Se tivermos esse mindset, podemos ir mais longe", avaliou nqz, demonstrando a confiança que o time precisa manter.

A importância psicológica de voltar aos playoffs

Para nqz e toda a organização paiN, essa classificação significa mais do que apenas uma chance de título. Ele reconhece que a equipe não vinha tendo bons resultados recentemente e que as críticas estavam começando a surgir. "As pessoas estavam dizendo coisas ruins sobre o time e esperavam mais da paiN depois da campanha no Major", confessou o awper.

Essa pressão externa, combinada com as expectativas criadas pelo desempenho excepcional no primeiro semestre, criou um ambiente desafiador para a equipe. A volta aos playoffs serve como uma validação importante do trabalho que vem sendo desenvolvido, mesmo durante a fase mais difícil.

Os desafios do segundo semestre e a lição aprendida

Mas por que exatamente a paiN não conseguiu manter o mesmo ritmo do começo do ano? nqz acredita que foi uma combinação de fatores. "Estava faltando ter a mesma vontade de vencer e de mostrar que podíamos ir mais longe nos torneios", admitiu.

O jogador revelou que talvez tenha havido uma certa complacência após o sucesso inicial: "Nós também tivemos a sensação de que, se jogássemos normal, nosso padrão, venceríamos porque estávamos jogando bem, porém não é como isso funciona". Essa percepção parece ter sido um aprendizado valioso para todo o time.

Agora, a equipe entende que precisa manter a mesma fome de vitória de sempre. "Ainda temos que querer vencer e nos preparar como se fosse o último jogo das nossas vidas", finalizou nqz, mostrando que a mentalidade competitiva está sendo restabelecida.

Com um placar de 3-2 na fase de grupos da FISSURE Playground 2, a paiN se classificou para as quartas de final e enfrentará a Falcons na sexta-feira às 15h30. O vencedor dessa partida MD3 avançará para enfrentar o vencedor do confronto entre FURIA e Astralis, que acontece no mesmo dia a partir das 12h.

Preparação específica para enfrentar a Falcons

Quando questionado sobre como a equipe está se preparando para o confronto contra a Falcons, nqz foi bastante específico: "Estamos estudando bastante suas tendências recentes, especialmente como eles se posicionam em mapas como Ancient e Inferno. Eles têm padrões muito definidos que podemos explorar". Essa abordagem analítica mostra uma evolução na preparação da paiN, que antes talvez confiasse demais no talento individual.

O que mais me impressiona é como eles estão trabalhando os aspectos mentais do jogo. nqz mencionou que o time tem dedicado tempo não apenas aos treinos técnicos, mas também às discussões táticas pós-treino: "Passamos pelo menos uma hora por dia apenas revisando nossas decisões em rounds-chave. Identificamos onde estamos perdendo oportunidades e ajustamos nossa comunicação".

O papel da experiência internacional no desenvolvimento da equipe

Algo que talvez passe despercebido para muitos é como a experiência internacional tem moldado esta formação da paiN. nqz refletiu sobre isso: "Jogar contra equipes europeias nos força a sair da nossa zona de conforto. Eles têm estilos diferentes, e isso nos obriga a adaptar nosso jogo rapidamente".

E não se trata apenas do aspecto tático. O awper destacou como a exposição constante a diferentes culturas de jogo tem fortalecido mentalmente o time: "Aprendemos a não entrar em pânico quando as coisas não saem como planejado. Cada partida contra times estrangeiros é uma lição de resiliência".

Essa maturidade é visível quando observamos como a paiN tem lidado com adversidades recentes. Lembro de uma partida específica contra um time europeu onde estavam perdendo por 12-3 no primeiro half, mas conseguiram se recuperar e quase viraram o jogo. Essa capacidade de não desistir mesmo em situações desfavoráveis pode ser decisiva nos playoffs.

A evolução do papel de nqz dentro da equipe

É interessante notar como nqz tem amadurecido dentro do time não apenas como awper, mas como uma voz estratégica importante. Ele compartilhou: "Tenho tentado ser mais vocal sobre o que vejo durante as partidas. Às vezes, como awper, você tem uma visão diferente do jogo e pode identificar padrões que outros não percebem".

Essa evolução do seu papel me faz pensar em como os jogadores brasileiros estão se tornando mais completos tecnicamente. Não é mais suficiente ser apenas um atirador excepcional; é preciso entender o jogo em múltiplas camadas e contribuir estrategicamente.

nqz admitiu que ainda está desenvolvendo essa faceta: "Às vezes falo demais, outras vezes de menos. Estou aprendendo a dosar minhas intervenções para não atrapalhar a comunicação principal do time". Essa autoconsciência é rara em jogadores mais jovens e demonstra uma maturidade impressionante.

O impacto do suporte da organização nos resultados

Muitos não percebem, mas o suporte da organização paiN Gaming tem sido fundamental nesta jornada de retomada. nqz fez questão de destacar isso: "A organização nos dá toda a estrutura necessária para focar apenas no jogo. Desde psicólogos esportivos até analistas dedicados, temos tudo o que precisamos para performar no mais alto nível".

Isso me faz pensar em como times brasileiros muitas vezes subestimam a importância de uma estrutura sólida por trás dos jogadores. Ter talento individual é crucial, mas sem o suporte adequado, fica difícil manter a consistência ao longo de uma temporada inteira.

O awper também mencionou como a organização tem lidado com a pressão externa: "Eles nos protegem de muitas distrações e críticas desnecessárias. Isso nos permite focar totalmente na nossa evolução como equipe". Esse ambiente de suporte parece estar criando as condições ideais para que o talento individual floresça coletivamente.

Com a partida contra a Falcons se aproximando, fica claro que a paiN não está apenas jogando para vencer um confronto isolado. Eles estão construindo algo maior - uma mentalidade vencedora que pode sustentar sucessos consistentes no cenário internacional. O que vocês acham? Esta pode ser a virada de chave que a paiN precisava para se estabelecer entre as melhores equipes do mundo?

Com informações do: Dust2