Enquanto outras regiões ainda disputam vagas, o cenário competitivo de VALORANT na China já está definido. Quatro equipes garantiram suas passagens para o VALORANT Champions 2025 em Paris, consolidando a região como a primeira a completar seu quadro de classificados para o campeonato mundial. A confirmação veio após a vitória da XLG Esports sobre a All Gamers, eliminando esta última da disputa por pontos.
Os quatro representantes chineses no palco mundial
Bilibili Gaming, EDward Gaming, XLG Esports e Dragon Ranger Gaming serão os responsáveis por carregar as cores da China no torneio global. O que torna essa classificação particularmente interessante é a diversidade de trajetórias entre essas equipes.
EDward Gaming chega como atual campeã mundial, defendendo seu título após conquistar o VALORANT Champions Tour 2025 - China Kickoff e apresentar performances sólidas no Masters Bangkok. A Bilibili Gaming vem demonstrando incrível consistência ao longo de 2025, enquanto a XLG garantiu vaga através da vitória na Stage 1 do VCT China.
A ascensão surpreendente dos times do VCT Ascension
Aqui está onde a história fica realmente fascinante: tanto XLG quanto Dragon Ranger Gaming são equipes que vieram do VCT Ascension. Normalmente, classificar-se para o Champions garantiria vaga no VCT de nível 1 para 2026, mas há uma reviravolta nessa história.
Se ambas as equipes do Ascension chegarem a Paris, o critério muda completamente. Nesse cenário, a vaga garantida no VCT 2026 será decidida pelo desempenho no torneio mundial - quem terminar melhor classificado leva o prêmio. A outra equipe ainda terá chance através do torneio VCT Ascension novamente, onde provavelmente chegaria como forte favorita.
É uma situação peculiar que adiciona camadas extras de drama à participação chinesa. Essas equipes não estarão apenas disputando o título mundial, mas também lutando por sua permanência no cenário de elite.
A batalha pela classificação final
Atualmente, EDward Gaming, Bilibili Gaming e XLG possuem 16 pontos cada, enquanto Dragon Ranger Gaming tem 10 pontos. A classificação exata ainda será definida nas eliminatórias da Stage 2 do VCT China, que concluem em 24 de agosto de 2025.
Essa disputa interna é crucial porque afeta diretamente o seeding no torneio mundial. Considerando a força de outras regiões como EMEA e Américas, cada posição na classificação chinesa pode significar encontros mais ou menos difíceis na fase de grupos de Paris.
O VALORANT Champions Paris 2025 acontece de 12 de setembro a 5 de outubro de 2025, reunindo 16 dos melhores times do mundo. A China chega como região completa mais cedo, mas será que essa vantagem temporal se traduzirá em vantagem competitiva?
Mas o que realmente diferencia a China neste momento é a forma como essas equipes se prepararam para o cenário internacional. Enquanto outras regiões ainda estão definindo seus classificados, os times chineses já podem focar exclusivamente em estudar adversários potenciais e desenvolver estratégias específicas. Essa vantagem estratégica não deve ser subestimada - ter semanas extras para analisar vídeos, padrões de jogo e composições de agentes pode fazer toda a diferença em um torneio de alto nível.
EDward Gaming, por exemplo, já demonstrou em competições anteriores que sabe aproveitar bem períodos de preparação extensos. Seu trabalho de anti-strat contra equipes internacionais no Masters Bangkok foi impressionante, mostrando compreensão profunda dos estilos de jogo ocidentais. Agora, com ainda mais tempo, podemos esperar que cheguem a Paris com respostas preparadas para múltiplos cenários.
O fator experiência versus a fome dos novatos
Um dos aspectos mais intrigantes da delegação chinesa é o equilíbrio entre experiência e novidade. De um lado, EDward Gaming traz jogadores como ZmjjKK, que já provou ser capaz de decidir partidas sob pressão extrema. Do outro, Dragon Ranger Gaming chega com jovens talentos que estão disputando seu primeiro torneio internacional de expressão.
Essa mistura pode ser tanto uma vantagem quanto uma armadilha. Times experientes como EDG e Bilibili podem ajudar os mais novos a se adaptarem ao ambiente internacional, compartilhando conhecimento sobre logística, jet lag e pressão midiática. Mas também correm o risco de serem "contaminados" pela ansiedade dos debutantes.
Na minha opinião, a China acertou em ter um sistema que permite que equipes do Ascension cheguem tão longe. Esses times trazem uma energia diferente, um estilo de jogo menos previsível e aquela fome característica de quem tem tudo a provar. Contra adversários que já os estudaram pouco, isso pode ser uma arma secreta.
O desafio logístico e cultural
Viajar para Paris não será apenas uma questão de enfrentar o fuso horário. As equipes chinesas precisarão se adaptar a uma cultura gaming completamente diferente, onde a comunicação entre rounds é mais barulhenta, as provocações entre equipes são mais comuns e a pressão da torcida tende a ser mais intensa.
Lembro-me de conversar com um jogador chinês após sua primeira experiência internacional e ele comentou como ficou surpreso com a energia do público europeu. "É diferente de tudo que experimentamos na China", disse ele. "Aqui as pessoas cantam, gritam nomes de jogadores - é quase como um evento esportivo tradicional, não apenas um torneio de eSports."
Essa adaptação cultural será crucial para o sucesso das equipes. Aquelas que conseguirem transformar o ambiente hostil em motivação extra terão vantagem significativa. E considerando o histórico recente da China em competições internacionais, não me surpreenderia se já estivessem trabalhando com psicólogos esportivos especificamente para este aspecto.
A questão das composições e meta do jogo
Até setembro, quando o Champions começar, é possível que surjam novas atualizações no jogo que alterem a meta competitiva. Aqui, a China pode ter tanto vantagem quanto desvantagem. Por um lado, ter mais tempo para testar mudanças em bootcamps dedicados é valioso. Por outro, regiões que ainda estão em competição terão dados mais recentes sobre o que funciona contra adversários de alto nível.
O estilo chinês de VALORANT tem se caracterizado por um uso agressivo de controladores e uma paciência incomum em rondas econômicas. Enquanto outras regiões tendem a forçar ações mais arriscadas quando em desvantagem financeira, os times chineses frequentemente optam por estratégias de preservação que maximizam suas chances nas rondas seguintes.
Será interessante ver como essa abordagem se sai contra equipes das Américas, que são conhecidas por seu jogo individual explosivo, ou contra europeus, que privilegiam a leitura de jogo e adaptação tática. A China realmente desenvolveu uma identidade própria no VALORANT, diferente do que vemos em outras regiões.
Com a Stage 2 do VCT China chegando ao fim em agosto, ainda teremos oportunidade de ver essas equipes em ação antes de Paris. Os playoffs regionais servirão como termômetro importante - não apenas para definir o seeding, mas para avaliar em que estado de forma chegam ao mundial. Particularmente, estou ansioso para ver como Dragon Ranger Gaming se comporta sob pressão eliminatória, já que sua vaga está garantida mas sua posição não.
O que me fascina nessa história toda é como o sistema competitivo chinês parece estar colhendo os frutos de uma estrutura bem organizada. Enquanto outras regiões ainda lutam com formatos de qualificação complexos e sometimes controversos, a China estabeleceu um caminho claro para seus melhores times. Essa estabilidade estrutural pode ser o diferencial que precisavam para se consolidar como potência global no VALORANT.
Com informações do: THESPIKE
